Conheça a brasileira que entrou para a História salvando judeus do nazismo

Aracy desafiou as autoridades da época e arriscou sua própria vida para ajudar judeus a fugirem

Imagem: reprodução

Você já ouviu falar em Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa? Se a resposta foi “não”, chegou a hora de conhecer a mulher que ajudou a salvar judeus do nazismo, colocando a sua própria vida em risco para isso.

Aracy nasceu em Rio Negro (PR), em 1908. Filha de pai português e mãe alemã, era poliglota, pois dominava português, inglês, francês e alemão. Fato que a ajudou a conseguir um emprego no consulado brasileiro de Hamburgo, na Alemanha.

Aracy no consulado brasileiro de Hamburgo, onde, desafiando as leis, ajudou a salvar judeus do nazismo (imagem: reprodução)

Foi justamente em Hamburgo onde Aracy conheceu o seu marido, o famoso escritor brasileiro João Guimarães Rosa, que era cônsul adjunto. Eles se apaixonaram, se casaram e ficaram na Alemanha até 1942, quando a Segunda Guerra Mundial e a perseguição aos judeus estavam a todo vapor.

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Por conta disso, muitas famílias judias pediam autorização de visto para o Brasil. O problema é que, na época, o governo brasileiro impôs uma lei que restringia e entrada de judeus no país. O que a Aracy fazia no consulado? Ignorava essa medida, misturava os pedidos de visto com os outros, escondia o fato dos solicitantes serem judeus e fazia com que o diploma responsável liberasse, automaticamente, a entrada deles no Brasil.

Aracy faleceu em 2011, com 102 anos de idade (imagem: Plural)

“Os testemunhos registrados pela nossa equipe indicam que corria a notícia entre os judeus que fugiam das perseguições nazistas de que Aracy facilitava a liberação dos vistos para o Brasil. Uma das táticas adotadas para camuflar suas ações era a de omitir o carimbo da letra J, em vermelho, nos passaportes, marca imposta pelo governo alemão como forma de identificação do judeu, classificado como ‘raça inferior. Ao misturar tal documentação entre os papéis a serem assinados pelo cônsul, Aracy procurava não deixar vestígios que os comprometessem”, explicou a Maria Luiza Tucci Carneiro ao site DW.

Anjo de Hamburgo

As atitudes da Aracy eram arriscadas. Ela poderia ser descoberta, perder o seu cargo e, muito provavelmente, acabar atrás das grades. Mas esse não foi o único risco que ela tomou. A brasileira chegou até mesmo a esconder e transportar judeus à noite em seu próprio carro, desafiando as autoridades nazistas.

A princípio, os registros apontam que Aracy teria ajudado 17 famílias judias a fugirem da Alemanha nazista. No entanto, como ela não deixou traços das suas ações, é bem provável que o número seja bem maior.

“Muitos anos se passaram, ela voltou ao Brasil, e quando indagada sobre o motivo de suas ações, respondeu simplesmente: ‘Porque era justo'”, afirma Roberta Alexandr Sundfeld, diretora do Museu Judaico de São Paulo (SP).

As ações de Aracy fizeram com que ela ganhasse o apelido de “anjo de Hamburgo” e fosse reconhecida pelo Memorial do Holocausto em Israel como um dos “justos”, nome dado às pessoas que salvaram vidas de judeus no período nazista.

Aracy faleceu em 2011, em São Paulo, mas seu legado e sua história jamais serão esquecidos. Sem dúvidas, uma grande brasileira!

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Fonte: DW

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