Depois de abandonar estudos por causa da guerra, refugiado sírio começa a cursar veterinária

“Vou fazer uma coisa que eu gosto, uma coisa que me encanta”

Sempre que o assunto são guerras, é inevitável falar na enorme quantidade de pessoas que são obrigadas a deixar sua terra natal, abandonando familiares e amigos. No caso do sírio Perwar Hasso, sair do seu país ainda teve a dor de ver seu sonho interrompido: formar-se na faculdade de Medicina Veterinária, área pela qual ele é apaixonado desde a infância. Na época, ele estava no sexto período do curso.

Felizmente, ele conseguiu retomar o seu sonho aqui no Brasil, para onde veio após fugir do conflito que já obrigou cerca 6,8 milhões de sírios. Sua cidade foi tomada pelo Estado Islâmico em 2013 e não era seguro permanecer lá – Perwar é curdo, um grupo étnico perseguido.

“Se passava uma blitz deles, eles sabiam que eu sou curdo só pelo nome. Então, eu não arriscava de sair da minha cidade. Era melhor abandonar. Com muita dor, mas infelizmente às vezes temos que abandonar as coisas para salvar outra, sabe?”, explicou ao G1.

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A cidade onde Perwar estudava foi tomada pelo Estado Islâmico e ele teve que deixar sua terra natal (imagem: Fábio Barros/G1)

Em 2015, o rapaz chegou ao Brasil com planos de ir para a Europa. No entanto, foi enganado e acabou sozinho. Sem falar português e sem ter a quem recorrer, passou a vender salgados árabes na porta de um metrô na Zona Norte do Rio de Janeiro. Sua grande alegria foi conseguir R$ 23 no segundo dia de trabalho.

A grande mudança veio em 2022. No começo do ano, ele deu uma entrevista ao Domingão Com Huck e sua história ganhou visibilidade nacional. O rapaz ganhou uma nova barraquinha de salgados e conseguiu uma bolsa integral para estudar Medicina Veterinária na Universidade Estácio de Sá.

Saudades da família

A alegria de Perwar não poderia ser maior. “Essa faculdade me animou muito, o estudo me animou muito. Eu pensava: ‘E depois? Vou ficar quanto tempo aqui na barraca?’. [A barraca é] uma coisa que não estou trabalhando porque eu gosto, é porque eu preciso. Vai ser diferente de ser veterinário, por exemplo. Vou fazer uma coisa que eu gosto, uma coisa que me encanta”.

Perwar curtindo um futebol com o pai, que veio visitá-lo aqui no Brasil (imagem: arquivo pessoal/G1)

Atualmente, Perwar concilia a venda dos salgados com a faculdade e o estágio, em que trabalha com cavalos. Mas parte dos seus pensamentos continua na Síria. Seu pai chegou a visitá-lo no Brasil, mas, infelizmente, faleceu de covid e ele não vê a mãe e o irmão caçula desde que fugiu do país.

Enquanto não pode voltar para a Síria, Perwar se diz muito grato por tudo que o Brasil proporcionou a ele.

“Tem uma coisa aqui que você não vai conseguir achar em nenhum lugar do mundo. Aqui ninguém pergunta de onde você é, não te trata de forma diferente porque você é sírio ou é curdo. Aqui no Rio, você faz amizade no ponto de ônibus, no metrô, no jogo, em qualquer lugar. Eu não tive isso nem na própria Síria, os outros me tratavam mal porque eu sou curdo”.

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Perwar, nós desejamos que todos os seus sonhos se realizem e logo, logo você possa reencontrar a sua família! Parabéns pela sua trajetória, sua dedicação e força!

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