Ex-catadora de latinhas faz história como a primeira negra latino-americana a chegar ao topo do Everest

“O maior legado que posso deixar vai muito além de uma conquista individual”

Imagem: Gabriel Tarso

A ex-catadora de latinhas Aretha Duarte é dona de um título admirável: a primeira mulher negra latino-americana a chegar ao topo do Monte Everest, a montanha mais alta do mundo. Mas a trajetória até aqui não foi fácil. Ela teve uma infância humilde no bairro do Jardim Capivari, na periferia de Campinas (SP).

Aos 10 anos, vendia chocolate e bala na escola para ajudar nas contas de casa. Ao mesmo tempo, tinha o sonho de comprar um par de patins. Foi olhando para as latinhas que se acumulavam no lixo que ela teve a ideia de coletar material reciclável pelas ruas e vendê-lo.

“Muitas vezes, quando meus pais não podiam comprar algo que eu desejava, eu me inspirava na força de trabalho deles. E parti para a reciclagem, catando latinhas de alumínio, para alcançar os recursos de que necessitava”, disse Aretha, de acordo com o site Razões Para Acreditar.

Mostrando um espírito inquieto e determinado desde a infância, Aretha foi a primeira da família a ir para a faculdade. Formou-se em Educação Física e, graças a uma palestra que teve no curso, conheceu uma das grandes paixões da sua vida: o montanhismo.

 

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Ela decidiu entrar de cabeça nesse esporte. Arregaçou as mangas e foi aprender tudo sobre montanhismo, fazendo cursos e, algum tempo depois, tornando-se guia especializada em montanhas. Aretha conseguiu transformar a paixão em fonte de renda.

Uma vez na área, passou a acompanhar grupos de montanhismo em vários países diferentes, como Nepal, Rússia e Tanzânia. Em 2019, ao ver a foto de uma colega de trabalho, bateu a vontade de escalar o Everest. O problema é que a aventura sairia extremamente cara, beirando os R$ 400 mil. A solução para arrecadar esse dinheiro? Relembrar os velhos tempos e juntar latinhas para vendê-las.

Em março de 2020, no começo da pandemia, lá foi Aretha percorrer Campinas e os arredores de ponta a ponta para juntar material reciclável. A bordo de uma caminhonete velha e com ajuda de amigos que acreditaram no seu sonho de subir o Everest, ela conseguiu um total de 130 toneladas em 12 meses e 11 dias.

O frio intenso é um dos grandes obstáculos na hora de subir o Everest (imagem: Hypeness)

No entanto, o valor ainda não era suficiente para bancar a expedição. A alternativa foi recorrer a bazares e financiamento coletivo. Sua história foi ganhando repercussão e patrocinadores apareceram para contribuir com a campanha. Ela chegou até a participar de um desafio no programa do Luciano Huck para conseguir dinheiro.

Preparo

Ao mesmo tempo em que lutava para conseguir a verba, Aretha precisava se preparar fisicamente para a subida. Afinal, não adiantaria ter o dinheiro e, na hora de escalar, não conseguir por falta de condicionamento físico. Para isso, teve o apoio de treinadores, médicos e mentores.

Em abril de 2021, após alcançar quantia que precisava, a montanhista partiu para o Nepal. Em 23 de maio do mesmo ano, cravou seu nome na História ao chegar ao topo do mundo, enfrentando frio extremo e muito vento.

“Eu senti que estava representando muito mais do que uma mulher negra, muito mais do que a Aretha. Eu representava toda a minha família, toda a periferia. O maior legado que posso deixar vai muito além de uma conquista individual. O que mais importa é a conquista coletiva: é ver mais negros, mais mulheres, mais pessoas, ver a periferia alcançando os seus próprios ‘Everests’.”

Com esse pensamento em mente, Aretha quer transformar a vida de jovens da periferia por meio de escolas de escalada. Uma forma de mostrar o poder do esporte e incentivar as pessoas a lutarem por seus sonhos!

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Fonte: Razões Para Acreditar

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