Egípcia passa 40 anos fingindo ser homem para ter o direito de trabalhar e sustentar a filha

Ela precisava de dinheiro e decidiu se arriscar vestindo-se de homem para que sua força de trabalho não fosse descartada.

O que você seria capaz de fazer por um filho? Abriria mão da vaidade? Trabalharia em empregos braçais por uns trocados? Aguentaria abusos verbais e até físicos caso fosse descoberta sendo uma mulher se passando por homem?

Se você fizesse estas perguntas para a egípcia Sisa Abu Daooh, de 64 anos, a resposta seria sim para tudo.

Sisa fez tudo isso para poder sustentar a filha.

Após a morte do marido, no começo da década de 1970, ela precisava de dinheiro e decidiu se arriscar vestindo-se de homem para que sua força de trabalho não fosse descartada.

Os números atuais mostram como é difícil ser mulher e conseguir emprego no Egito.

De acordo com levantamento do Fórum Econômico Mundial, hoje, apenas 26% das mulheres do país têm trabalho. A sociedade egípcia é muito conservadora sobre os papéis de homens e mulheres.

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O começo foi mais difícil

Por sete anos, Sisa se submeteu a trabalhos pesados, como na construção civil, e ganhava menos de US$ 1 por dia. Mas ela perseverou e atualmente é engraxate na cidade de Luxor, onde consegue tirar até US$ 2,62 diariamente.

De lá pra cá, mais de 40 anos se passaram e Sisa se orgulha por ter criado sua filha Hoda de forma digna.

Recentemente, ela decidiu revelar seu segredo. Ela não tem problema com sua identidade, mas preferiu deixar claro que se vestir como homem não tem relação com a sexualidade. A repressão aos homossexuais no país é crescente.

A história correu o Egito e o presidente Abdel Fattah el-Sisi a condecorou por ser uma mãe extraordinária.

Mesmo com tudo esclarecido, Sisa diz que continuará a se vestir como homem. Ela se sente confortável desta forma e, durante entrevista para o The New York Times, Hoda, a filha de Sisa, contou que ela se veste assim até mesmo em casa.

“Ela não é apenas minha mãe. Ela é minha mãe, meu pai, meu tudo“, diz a filha orgulhosa.

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Embora a história dessa mãe tenha sido bem aceita no Egito, é difícil pensar em uma boa perspectiva para as mulheres do país em um futuro próximo.

Segundo o documento do Fórum Econômico Mundial, o Egito é o 129º colocado em uma lista com 142 países sobre a igualdade no mercado de trabalho.

Ainda há muito que fazer para que as mulheres consigam quebrar esta barreira. Mas enquanto isso não acontece, fica a lição de vida de Sisa, que nos ensina que não importa se você é homem ou mulher, quando há determinação, tudo é possível.

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Fonte: nytimes.com

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