5 rituais que os sábios da antiguidade usavam para manter a calma independente da situação

O novo é superestimado. Às vezes, ideias antigas são tudo o que precisamos para sermos felizes.

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As pessoas têm enorme respeito pela sabedoria antiga. Mas elas simplesmente não leem ou se quer pensam em buscá-la com sinceridade.

O engraçado é que temos mais chances de ter uma vida mais feliz quando visitamos a seção clássica do que a seção de autoajuda.

Então, como é que adquirimos mais conhecimento com o que um grupo de caras mortos brilhantes – os estoicos – tinha a dizer? Bem, para isso, liguei para meu amigo Ryan.

Te interessa?

Ryan Holiday é o autor best-seller de “O Obstáculo é o Caminho” e “O Ego é o Inimigo”. Seu novo livro é o The Daily Stoic: 366 Meditations on Wisdom, Perseverance, and the Art of Living.

Então, o que os caras que inventaram a festa da toga nos ensinam sobre viver bem? Vamos lá…

5 rituais básicos que os sábios da antiguidade usavam para manter a calma
5 rituais básicos que os sábios da antiguidade usavam para manter a calma (Imagens: Unsplash)

1. Eventos não lhe perturbam. Crenças sim

Você é abandonado por alguém por quem você é totalmente apaixonado. Você fica triste? Meu Deus, sim. O mundo vai acabar.

Ok, mesmo cenário, mas depois você descobre que a pessoa era, na verdade, uma psicopata que matou seus últimos três parceiros. Sente-se triste de ter sido abandonado?

Não, você fica aliviado.

Então, claramente “ser abandonado” não é o fator importante aqui. O que mudou? Nada além de suas crenças.

Se você perder o emprego e acreditar que era um péssimo emprego e acreditar que não será difícil conseguir um melhor, você não se perturba.

Se você acredita que era o melhor emprego de todos os tempos e acredita que nunca conseguirá outro tão bom – você fica arrasado. As emoções não são aleatórias.

Elas vêm de crenças. Ryan diz:

Os estoicos dizem que não há eventos bons ou ruins, só há percepção. Shakespeare resumiu bem quando disse: ‘Não há nada bom ou nada mau, mas o pensamento o faz assim.’ Shakespeare e os estoicos dizem que o mundo ao nosso redor é indiferente, é objetivo. Os estoicos dizem que ‘Isso aconteceu comigo’ não é o mesmo que ‘isso aconteceu comigo e isso é ruim’. Eles dizem que se você parar na primeira parte, será muito mais resiliente e muito mais capaz de fazer algo bom com qualquer coisa que aconteça.”

Cético? Soa muito simples? Adivinha?

Você não poderia estar mais errado… É possível ser uma pessoa muito mais superior em cada situação distinta que a vida te dá.

Esta parte da filosofia estoica foi adaptada pelo famoso psicólogo Albert Ellis para formar a Terapia Comportamental Cognitiva – que agora é o método dominante para ajudar as pessoas a superar problemas que variam de depressão a ansiedade e raiva.

A maioria dos sentimentos ruins que você tem são causados por crenças irracionais. Será que você consegue refletir sobre isso se usando como um exemplo?

5 rituais básicos que os sábios da antiguidade usavam para manter a calma

Da próxima vez que sentir emoções negativas…

Não se concentre no evento que você acha que “causou” as emoções. Pergunte a si mesmo qual crença você tem sobre aquele evento. E então pergunte a si mesmo se é racional:

  • “Se o meu parceiro me deixar, eu nunca vou superar isso.”
  • “Se eu perder meu emprego, minha vida acabou.”
  • “Se eu não terminar de ler este post, o autor vai me odiar para sempre.”

Apenas o terceiro é verdadeiro. Os outros dois são irracionais. E é por isso que você fica ansioso, irritado ou deprimido. Revise suas crenças e você pode mudar seus sentimentos:

“Mesmo que ele me deixe, eu posso conhecer outra pessoa. Isso já aconteceu antes e eu superei.”

Então você está revisando suas crenças para superar a tristeza e a raiva. Excelente. Mas e quando você está infeliz porque está preocupado com o futuro?

2. Controle o que você pode. Ignore o resto

Você conhece a Oração da Serenidade?

Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar. Coragem para modificar aquelas que posso e sabedoria para conhecer a diferença entre elas.

Reinhold Niebuhr a criou por volta de 1934. Os estoicos pregavam essa ideia básica, bem, cerca de 2000 anos antes.

Os estoicos eram realmente bons no controle. Mas eles não eram maníacos por controle. Uma parte fundamental do estoicismo é apenas perguntar a si mesmo:

“Posso fazer algo sobre isso?”

Se você pode, faça. Se não pode… então não pode. Mas a preocupação não te leva a lugar algum senão ao estresse. Ryan diz:

“O que os estoicos dizem é que muito do que nos preocupa são coisas sobre as quais não temos controle. Se eu for fazer algo amanhã e estiver preocupado se vai chover e estragar tudo, nenhuma quantia de mim se estressando vai mudar se vai chover ou não. Os estoicos dizem: ‘Você não será apenas mais feliz se puder fazer a distinção entre o que você pode mudar e não pode mudar, mas se você focar sua energia exclusivamente no que você pode mudar, você também será muito mais produtivo e eficaz.”

Da próxima vez que você estiver preocupado, pare e pergunte a si mesmo: “Eu tenho controle sobre isso?” Se tiver, pare de se preocupar e comece a trabalhar.

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Se você não tiver controle…

A preocupação não vai melhorar a situação. Em determinadas situações, podem além de piorar transformar problemas solucionáveis em irreversíveis. Cuidado!

E voltando ao primeiro ponto, pode ser uma boa ideia perguntar a si mesmo qual é a sua crença que está causando toda essa preocupação… sim, provavelmente é irracional.

Então, tristeza, raiva e preocupação são reações irracionais e não são o caminho correto para reagir quando as coisas acontecem. Mas qual é o caminho certo para reagir à coisas que não atendem às suas expectativas?

3. Aceite tudo. Mas não seja passivo

Este é o único ponto onde todo mundo tem problemas. Ninguém gosta da palavra “aceitar”. Pensamos que significa “desistir”. Não significa.

Vamos ver desta forma: qual é o oposto de aceitar? Negar. Como em “negação”. E ninguém nunca recomenda negação.

Albert Ellis disse às pessoas que elas ficariam muito mais felizes se removessem a palavra “deveria” do seu vocabulário. “Deveria” é negação. Você está dizendo que suas expectativas merecem substituir a realidade:

  • “Meus filhos não deveriam se comportar mal!” (Novidade: eles se comportam mal.)
  • “O tráfego não deveria estar tão ruim!” (Hum, mas está.)
  • “Não deveria estar chovendo!” (Fale mais alto. Reclamar deve funcionar desta vez.)

A negação é irracional e, como acabamos de aprender, as crenças irracionais são de onde vêm as emoções negativas. Então o primeiro passo é aceitar a realidade.

Mas isso não significa que você tenha que ser passivo

Você aceita a chuva. Está aqui. Negação e “deveria” não mudará nada… mas isso não significa que você não pode pegar um guarda-chuva. Ryan diz:

“Aceitação, para nós, significa renúncia, mas para os estoicos significava aceitar os fatos como eles são e, em seguida, decidir o que fazer sobre eles. O problema é que, por termos expectativas sobre como queremos que as coisas sejam, sentimos que a aceitação está se estabelecendo, quando, na realidade, não temos ideia do que poderia ter acontecido. Essa coisa terrível pode ter nos salvado de algo muito pior. Ou talvez isso nos abra para uma nova oportunidade incrível que ainda não podemos conceber. Os estoicos dizem: ‘Não desperdicemos energia alguma lutando contra coisas que estão fora do nosso controle, vamos aceitá-las, vamos abraçá-las e então vamos seguir em frente e ver o que podemos fazer com ela’.”

Da próxima vez que as coisas não saírem do seu jeito, não negue a realidade. Aceite-a. Está aqui. Você é muito mais do que capaz de lidar com isso.

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Então, pergunte se você tem controle sobre isso. Se tiver, faça algo. Se não tiver, pergunte se suas crenças são racionais.

E assim que você vai de: “Não deveria estar chovendo! Não podemos ir ao parque! O dia está arruinado!” para “É, está chovendo. Sem parque hoje. Vamos ver um filme legal.”

Certo, cobrimos muitos métodos estoicos para vencer sentimentos ruins. Isso cobre a parte defensiva. Vamos falar da parte ofensiva. Como você melhora sua vida?

4. Escolha de quem você será filho

Eu sei, eu sei – isso não faz sentido algum. Na primeira leitura até parece ser uma loucura. Calma, eu vou explicar…

Tudo o que conversamos até agora acontece na sua cabeça. E, como aprendemos, é onde os problemas geralmente começam. Mas se a vida vai melhorar, precisamos aprender com outras pessoas.

Você não está sozinho neste mundo. Você tem muito a aprender com os outros. Exemplos. Mentores. E Sêneca, uma das grandes figuras do estoicismo, provou o ponto com esta linda citação que eu amo:

Gostamos de dizer que não podemos escolher nossos pais, que eles foram dados por acaso – mas podemos escolher verdadeiramente os filhos de quem desejamos ser.”

Quando falei com Anders Ericsson, o professor que inventou a teoria da experiência de “10.000 horas”, ele disse que o primeiro passo para ser melhor em qualquer coisa (e isso inclui a vida) é encontrar um mentor.

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Anders diz:

“Eles precisam conversar com alguém que realmente admiram, uma pessoa que está fazendo algo de uma maneira que gostariam de ser capazes de fazer. Peça a essa pessoa para ajudá-lo a identificar o que é necessário alterar para poder fazer o que a outra pessoa está fazendo. Entreviste essa pessoa sobre como ela foi capaz de fazer isso e, em seguida, faça com que essa pessoa o ajude a identificar o que você não consegue fazer agora e quais são os passos para atingir esse nível desejado de desempenho.

Da próxima vez que você enfrentar um desafio, pense em alguém que você admira. Uma pesquisa mostra que perguntar-se “O que _____ faria?” pode ter efeitos positivos poderosos em seu comportamento.

Exemplos e mentores são ótimos para ajudar você a ser o seu melhor. Leia esse artigo, pode te inspirar bastantes.

Mas como você se certifica de que está realmente melhorando? Como você sabe que está progredindo para ser o melhor de você?

5. Rituais matinais e noturnos são essenciais

Muitas pesquisas mostram que os rituais podem realmente melhorar sua vida. Que tipo os estoicos recomendam?

Rituais matinais e rituais noturnos. Um para prepará-lo para o dia, o outro para refletir sobre como as coisas foram e descobrir o que melhorar. Ryan diz:

“Os estoicos achavam que você deveria começar o dia com um ritual de lembrar-se do que você vai enfrentar. Marco Aurélio disse: ‘Hoje, as pessoas que você enfrentará serão…’ e então ele lista basicamente todos os traços negativos que você poderia encontrar no decorrer de um dia. Isso não é pessimista, ele diz: ‘Agora que você sabe disso, não leve nada disso para o lado pessoal e tente entender por que as pessoas podem agir dessa maneira e perdoá-las e amá-las por isso.’ Os estoicos acreditam que você comece o dia com uma meditação do que está por vir, e então terminar o dia refletindo sobre o que aconteceu e o que pode ser melhorado.

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Os estoicos não acreditavam na perfeição. Eles achavam que todos nós éramos um trabalho em andamento. Você sempre pode melhorar. Como Sêneca disse:

“Enquanto você viver, continue aprendendo a viver.”

Ok, aprendemos muita sabedoria antiga. Vamos dar uma olhada e pegar a dica final que a ciência concorda que é um dos mais poderosos impulsionadores da felicidade

Resumo dessa grande lição

Veja como a antiga sabedoria dos estoicos pode ajudá-lo a ser mais feliz:

  1. Eventos não incomodam você. Crenças sim: somente o fim do mundo é o fim do mundo.
  2. Controle o que puder. Ignore o resto: a preocupação nunca consertou nada.
  3. Aceite tudo. Mas não seja passivo: ninguém recomenda a negação. Aceite. E então faça algo.
  4. Escolha de quem você será filho: “O que o Batman faria nessa situação?”
  5. Rituais matinais e noturnos são essenciais: planeje o dia, depois reflita sobre o dia.

O livro clássico de Marco Aurélio, Meditações, começa meio estranho. Ele menciona todas as pessoas que ele se sente em dívida por tê-lo ajudado. É basicamente uma lista de gratidão.

Os estoicos eram bons em gratidão. Na verdade, em “Meditações”, ele escreveu:

“Não se concentre em coisas que você não possui como se fossem suas, mas conte as bênçãos que você realmente possui e pense em quanto você as desejaria se elas não fossem suas.”

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Alguns milhares de anos depois, a pesquisa o alcançaria nisso

Estudos mostram que subtrair mentalmente os bons momentos da sua vida faz com que você os aprecie mais, o faz mais grato e mais feliz.

“E se eu nunca tivesse conhecido meu parceiro? E se meu filho nunca tivesse nascido? Uau, eu tenho tanta sorte de tê-los em minha vida.”

Você não precisa daquela novidade brilhante para sorrir. Tire um segundo para apreciar todas as coisas brilhantes que você já tem e que não são tão novas.

O novo é superestimado. Às vezes, ideias de milhares de anos atrás são tudo o que precisamos para sermos felizes.

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Você conhece o estoicismo? Concorda com essa sabedoria milenar? Esperamos que esse artigo possa tocar sua vida.

Este artigo é uma tradução do Awebic do texto originalmente publicado em The Ladders escrito por Eric Barker.

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