Quando você medita, pode também estar ajustando seu genes

A conexão entre o estresse crônico, a inflamação, o DNA e a prática da plenitude.

O corpo humano é uma máquina complexa, trabalhando incessantemente – muitas vezes sem o nosso esforço consciente – para manter o equilíbrio e sustentar a vida.

Nossos corações, pulmões, rins, intestinos, fígado, pele, cérebro, todos os órgãos do corpo estão em constante fluxo e atividade desde o momento em que nascemos.

Em suma, o corpo humano é um milagre.

Nos últimos anos, um tópico de crescente importância é entender quais mecanismos genéticos estão por trás da saúde física e psicológica.

Isso é fundamental para nos ajudar a entender se as intervenções mente-corpo (IMCs), como a plenitude, podem reverter os efeitos moleculares do estresse crônico e se as IMCs podem contribuir para a prevenção de doenças.

Os cientistas recentemente deram um passo adiante estudando os mecanismos biológicos das IMCs analisando a expressão genética – um processo simples que acontece dentro de cada uma de nossas células, pelo qual as sequências de DNA são transcritas e traduzidas em proteínas.

Os pesquisadores estão fazendo perguntas como: IMCs, como a meditação, podem influenciar nossa expressão genética? Elas causam mudanças moleculares em nossa saúde física?

Se sim, quais são essas mudanças moleculares especificamente e como elas nos beneficiam?

A meditação pode ajustar seus genes

No verão passado, uma meta-análise da Frontiers of Immunology analisou mudanças na expressão genética induzida pela meditação e práticas relacionadas.

Os autores, do Laboratório de Cérebro, Crença e Comportamento da Coventry University e do Instituto Donders de Cérebro, Cognição e Comportamento, examinaram 18 estudos diferentes de expressão genética.

Esses estudos incluíam técnicas de IMC abrangendo plenitude, yoga, Tai Chi, Qigong, resposta de relaxamento e regulação da respiração.

O veredicto foi claro: Sim, a prática da meditação é realmente capaz de reverter os efeitos do estresse crônico, até o nível de nossos genes.

(No entanto, deve-se notar que esta pesquisa ainda está em sua infância e a plenitude não é um substituto para a medicina, nem sua prática de plenitude previne doenças.)

Antes de analisarmos os resultados do estudo, vamos dar uma breve olhada na ciência da expressão genética.

O que é expressão genética?

A expressão genética é o processo pelo qual as sequências de DNA são “expressas” em proteínas.

Diferentes seções de código de DNA para diferentes aminoácidos (os blocos de construção de proteínas). Essas seções de DNA são essencialmente copiadas e traduzidas em proteínas, que são necessárias para o funcionamento celular.

A meditação pode ajustar seus genes

Quão rápida ou lentamente uma sequência de DNA é copiada e traduzida em sua proteína correspondente depende de algo chamado Fator de Transcrição.

Alguns fatores de transcrição elevam a taxa de transcrição do DNA – eles aumentam o processo de expressão genética. Outros fatores de transcrição podem retardar a taxa de transcrição do DNA – eles diminuem a taxa de expressão genética.

Como estresse crônico + expressão genética não regulada = doença

No complexo mundo da expressão genética, há muitas coisas que podem retardar ou acelerar a taxa de sequências de DNA sendo traduzidas em proteínas. Vamos pegar um exemplo simples: Estresse.

Muitos de nós já ouvimos falar da reação “lutar ou fugir”, que é desencadeada por eventos estressantes ou ameaçadores.

Quando isso acontece, adrenalina e noradrenalina são secretadas em nossos corpos. Isso aumenta a produção de fatores de transcrição que aumentam a expressão genética do DNA pró-inflamatório, iniciando a inflamação em diferentes partes do corpo.

No exemplo do estresse, o fator de transcrição que causa inflamação tem um nome chique: Fator Nuclear Kappa B (NF-kB).

Aliás, os cientistas também estão muito interessados no NF-kB quando se trata de entender como a plenitude, yoga e outros IMCs podem diminuir a inflamação e possivelmente reduzir o risco de certas doenças.

Estresse e inflamação são, na verdade, processos adaptativos que evoluíram para nos proteger de eventos ameaçadores ou desafiadores.

Quando o estresse é muito severo, ou quando ele nunca para e não temos bons mecanismos de enfrentamento, isso se torna um risco para a saúde. O estresse crônico não afeta apenas nosso cérebro, alterando a conectividade e a função, mas também nos afeta em um nível genético.

A meditação pode ajustar seus genes

Os cientistas chamam essa mudança genética de CTRA (sigla em inglês para “resposta transcricional conservada à adversidade”), que é outra maneira sofisticada de descrever “a incapacidade de se recuperar de um evento estressante porque era muito prolongado ou intenso, e agora levou à inflamação crônica”.

A CTRA é comumente observada em pessoas expostas a diferentes tipos de adversidades, como luto, diagnóstico de câncer, trauma e até mesmo baixo nível socioeconômico.

A CTRA causa inflamação crônica, o que aumenta o risco de alguns tipos de câncer, doenças neurodegenerativas, asma, artrite, doenças cardiovasculares e transtornos psiquiátricos (por exemplo, depressão, estresse pós-traumático).

A CTRA também diminui as funções antivirais e relacionadas ao anticorpo do organismo e aumenta a suscetibilidade a algumas infecções virais.

Em resumo, quando adicionamos estresse crônico e inflamação juntos, há um alto risco de doença relacionada à inflamação, infecção, envelhecimento biológico acelerado e mortalidade precoce.

IMCs como reguladores da expressão genética saudável (ou: meditação como regulador dos reguladores)

A meditação pode ajustar seus genes

Na grande meta-análise mencionada acima, onde eles analisaram 18 estudos sobre DNA diferentes para encontrar o elo principal entre práticas de meditação e mudanças na expressão genética, eles descobriram exatamente isso:

Um resultado consistente e persistente em que 81% dos estudos descobriram que IMCs podem reduzir os níveis de NFKB, revertendo, portanto, os efeitos da expressão genética da inflamação causada pelo estresse crônico.

IMCs nestes estudos incluíram plenitude, yoga, Tai Chi, Qigong, resposta de relaxamento e regulação da respiração. Algumas dessas práticas eram físicas e outras sedentárias.

Os estudos também usaram diferentes desenhos experimentais, direcionados a diferentes faixas etárias, bem como diferentes populações (incluindo pacientes com síndrome do intestino irritável, insônia tardia, câncer de mama ou fadiga e cuidadores de pacientes com Alzheimer ou demência).

Então, agora, estamos começando a desenhar o mapa que descreve a relação entre adversidades psicológicas, expressão genética e risco de doença, e identificar exatamente onde as práticas de plenitude estão trabalhando para aliviar nossos sintomas físicos e mentais – em um nível emocional, cerebral e cognitivo, e em nível genético, molecular e do sistema imunológico.

À medida que aumentamos nossa riqueza de conhecimentos psicológicos e biológicos sobre práticas de plenitude, isso nos ajuda a entender os mecanismos em ação.

Com o tempo e a prática, podemos nos tornar mais sintonizados com as necessidades de nosso bem-estar físico e mental, confiando que essas práticas podem oferecer benefícios de maneira profunda, até o nível de nosso DNA.

Você pratica meditação ou alguma outra forma de plenitude? Se não, por quê? Comente!

Este artigo é uma tradução do Awebic do texto originalmente publicado em Mindful escrito por Crystal Goh.

Imagens: pexels.com e pixabay.com

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