Livro mostra como é a vida nos presídios femininos do Brasil (spoiler: não é legal)

A nada mole vida das presas no Brasil.

Orange Is The New Black é uma série veiculada pelo Netflix, serviço de streaming (transmissão via internet).

Conta o dia-a-dia de um presídio feminino, com os dramas das personagens e momentos mais engraçados (alguns mais barra-pesada, outros nem tanto).

O programa certamente deixou muita gente curiosa a respeito de como é, na vida real, a rotina de uma detenta.

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Já parou para pensar como são as cadeias e penitenciárias femininas aqui no Brasil?

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Nana Queiroz, jornalista que passou por alguns dos principais jornais e revistas do Brasil, publicou recentemente o livro Presos Que Menstruam, pela editora Record.

Fruto de uma pesquisa que durou de 2010 a 2014, relata as experiências e problemas de detentas de todas as partes do país.

E a vida dessas mulheres nada tem de engraçado.

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Para começar, se você viu a série e acha nojentas as instalações onde Piper Chapman cumpre sua pena, saiba que no Brasil esse seria um presídio de sonho. Faltam os itens mais básicos de higiene e as condições de vida lá dentro são desumanas.

Sabonete, papel higiênico, absorvente interno, todos esses são itens de luxo, usados até como moeda de troca.

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As presas dormem no chão (as poucas camas são prioridade das detentas mais antigas), e se uma delas está grávida ou com um recém-nascido, não há privilégios. Os partos são na maioria realizados ali dentro mesmo, com ajuda das outras mulheres.

Gardênia é uma exceção raríssima. Conseguiu na base do grito ser levada para um hospital, onde deu à luz com mãos e pés algemados e não pode nem mesmo ver sua filha após o nascimento. A menina, hoje com 17 anos, ainda sofre as consequências da violência obstétrica: bate a cabeça na parede até dormir.

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Celas malcheirosas, privadas com canos estourados deixando escapar o cheiro de esgoto, comida com cabelo ou fezes de rato fazem parte da rotina dessas mulheres que o Estado esqueceu.

Aliás, para este mesmo Estado, homens e mulheres recebem tratamento “igual”: necessidades diferentes, como mais papel higiênico ou distribuição de absorventes são ignoradas. Na falta do absorvente, as presas chegam a usar miolo de pão.

Abandono por parte da família também é muito comum.

Os parceiros (muitas vezes responsáveis por envolvê-las no crime), quando não estão presos, geralmente são os primeiros a sumir. As presas sofrem uma espécie de dupla pena: punidas pelo Estado e deixadas por quem deveria apoiá-las.

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Pastorais carcerárias e ONGS com foco em Direitos Humanos tentam levar um pouco de dignidade para esses presídios, nem sempre com sucesso.

O livro traz uma importante reflexão: qual o papel que as prisões femininas tem na punição das mulheres que cometem crimes? Negar às detentas tratamento mais humanitário irá contribuir em algo para a reeducação delas?

Presos Que Menstruam será adaptado para o cinema, e o plano é transformá-lo em série, quem sabe no mesmo Netflix. Porém, haverá mais black do que orange no roteiro.

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Fontes: revistagalileu.globo.com, folha.uol.com.br.

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