Professora surda faz história ao defender tese de doutorado em Libras

A professora também tem um projeto muito bacana voltado para pessoas surdas

“Parece que estou num filme quando lembro a trajetória de vida que tive, escolar e pessoal. Penso como consegui chegar até aqui”. A frase é da professora universitária Michelle Murta, de 40 anos, que apresentou sua tese de doutorado em Libras, a Língua Brasileira de Sinais. Michelle tornou-se, então, a primeira pessoa surda a conseguir o título de doutora na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

A tese foi apresentada em janeiro, segundo o jornal O Tempo. Como na plateia virtual havia mais de 100 pessoas com deficiência auditiva e também sem deficiência auditiva, três intérpretes revezaram para traduzir tudo o que ela falava.

Michelle Murta inspira com sua trajetória na educação (Imagem: acervo pessoal/UFMG)

Mas, se você acha que o caminho até aqui foi fácil, não é bem por aí. Se obter um doutorado já é uma tarefa dura e tanto, imagina para uma pessoa que precisa driblar vários obstáculos e falta de inclusão. No caso de Michelle, a dificuldade veio logo nos primeiros anos.

Te interessa?

Estudando em uma escola convencional, sem qualquer tipo de apoio especializado, foi reprovada cinco vezes. Ela demorou muito para perceber que não conseguia distinguir a diferença entre as palavras. “Esses dias, eu conversei com uma professora que me deu aula e ela falou que nunca percebeu que eu era surda. Só fui ter atendimento em Libras na faculdade”, relembra.

Alguns membros da sua família materna também apresentam deficiência auditiva. Na casa em que Michelle cresceu, 80% da família tinha algum problema de audição. “Tenho boa oralização devido à convivência com eles. Mas não sabia, quando bem jovem, que eu era igual a eles.”

Histórias como a da Michelle mostram que uma sociedade mais inclusiva é necessária (imagem: arquivo pessoal/UFMG)

Realização de um sonho

Sonhando tornar-se professora, saiu da casa da mãe, concluiu os estudos na EJA (Educação de Jovens e Adultos) e passou no vestibular de Letras/Libras na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Até que chegou o dia de realizar o seu “sonho de criança”, como ela mesma descreve. Em 2016, foi aprovada no concurso da UFMG e tornou-se a primeira professora surda da instituição. De acordo com ela, a maior parte da comunicação com os seus colegas de profissão é feita por Libras. Mas, em uma conversa com alguém que não sabe língua de sinais, Michelle faz leitura labial e se comunica pela escrita.

As suas turmas são compostas por alunos surdos e também por ouvintes, aqueles que não possuem deficiência auditiva. Todos já possuem conhecimento de Libras, conforme relata a professora.

Outro projeto muito bacana a que Michelle se dedica é o Mãos Literárias. Um espaço no site da UFMG com histórias, piadas, poemas e lendas narrados em Libras por surdos voluntários. Você pode conhecer a iniciativa clicando aqui.

Uma história muito bacana de inclusão e dedicação aos estudos. A gente sabe que ainda existe um longo caminho pela frente. Mas exemplos como o da Michelle dão uma inspiração a mais para que a nossa sociedade avance em acessibilidade e oportunidades iguais para todos.

Parabéns, Michelle, e que você continue com seu trabalho incrível!

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Fonte: O Tempo 

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