Psicanálise e arte: as pinturas sensacionais (e impactantes) de Susano Correia

No mundo moderno

Psicanálise e arte: as pinturas sensacionais (e impactantes) de Susano Correia
Psicanálise e arte: as pinturas sensacionais (e impactantes) de Susano Correia

A arte imita a vida, ou o contrário?

Minha alma é uma orquestra oculta; não sei que instrumentos tange e range, cordas e harpas, tímbales e tambores, dentro de mim. Só me conheço como sinfonia”, disse Fernando Pessoa no célebre Livro do Desassossego.

As analogias entre vida e arte são frequentes para discorrer sobre os estados psicológicos. Utilizar a pintura para isso é uma forma de não apenas viver esse conteúdo subjetivo, mas torná-lo palatável para o público. É o que Susano Correia realiza.

Te interessa?

Artista visual em ascensão na cena contemporânea brasileira, Susano nasceu em Florianópolis (SC). Formado pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) em 2015, tem utilizado as redes sociais para divulgar seu trabalho, o que é uma tendência mundial – como pode-se comprovar ainda com a artista visual Paula Bonet, da Espanha, cujo conteúdo tornou-se viral há alguns anos.

O que chama a atenção no trabalho de Susano é a interseção que suas pinturas fazem com a psicanálise. Não apenas as imagens são impactantes.

Mas também as legendas atribuídas a elas, que, em conjunto, compõem um único texto multimidiático, uma única obra, em um enfoque que o artista define como “um olhar reflexivo sobre o indivíduo diante da condição humana”.

De olho no grande público, inclusive quem não gosta de visitar museus, Susano mantém ainda uma galeria digital na qual expõe seus trabalhos, que contam com originais e gravuras assinadas. É autor de dois livros, Notas visuais e Face a face com o abismo.

1- Na arte de Correia, o homem é visto como um palco de pequenas “insensatezes”.

Muitas vezes procurando o óbvio fora de si.

Homem preparado para os assuntos do coração (Foto: Susano Correia)

2- Há ainda a coexistência (ou competição) entre os tempos passado, presente e futuro.

Em uma analogia à indecisão humana quanto ao que priorizar.

Homem olhando o passado e o futuro, debruçado no infinito instante (Foto: Susano Correia)

3- Quantas pessoas cabem no seu vazio?

Um tema muito presente na arte contemporânea, o vazio existencial também é retratado, na figura de um homem que carrega uma diversidade de tipos em seu peito aberto, porém oco.

Todos a bordo do meu vazio (Foto: Susano Correia)

4- Susano retratou em várias imagens também os momentos em que o homem se abstém de participar do que acontece ao redor…

… e apenas observa, em segurança, o que se passa no mundo.

Homem espiando o mundo de dentro do seu próprio coração (Foto: Susano Correia)

5- Mas há espaço para a superação.

O homem renasce de si mesmo, reinventando-se depois de sucessivas derrotas para brilhar novamente.

Homem germinando depois de quebrar a cara (Foto: Susano Correia)

6- O problema, não raro, pode ser o self.

Quantos dias você passou exatamente nesta posição, sem perceber que estava preso em si?

Sentado no centro de um problema (Foto: Susano Correia)

7- Se a ideia é viver sem se preocupar com nada, “deixar a vida levar”…

Talvez seja um caso crônico de “cabeça de vento”.

Cabeça de vento (Foto: Susano Correia)

8- Unindo a pintura, a psicanálise e a música….

… Susano aborda como as emoções humanas se transformam em matéria-prima para a criação de melodias.

Homem tocado pelo desejo de tocar (Foto: Susano Correia)

9- Algumas situações parecem não ter solução nenhuma, a não ser mergulhar no abismo do desconhecido.

Mas, e quando você é o desconhecido?

Homem face a face com o abismo (Foto: Susano Correia)

10- Uma alegoria de como os relacionamentos se tornam a cada dia mais superficiais, sem propósito definido.

Susano criou um homem que faz malabarismos com os sentidos e com o próprio coração.

Homem numa brincadeira de sentir, sem sentido (Foto: Susano Correia)

O papel da arte na psique humana

Recorremos à arte porque ela nos desinibe, faz com que desabrochem emoções latentes. Ela também cria espaço para a identificação, o contágio emocional.

Muitas pessoas choram ao ver um filme no cinema. O mesmo acontece com a contemplação de pinturas e desenhos, embora o foco, com as artes visuais, seja uma apreciação diferente, muito mais ligada a um frame, um fragmento de vida, de beleza ou de horror – um momento congelado que provoca um “baque” e, depois, uma reflexão. Ou várias delas.

Poucos percebem que, antes de existir a ciência, existiam os filósofos, e antes dele, os artistas. Os poetas, os pintores, os escultores. Eram eles os que divagavam sobre o que era o mundo, quais eram os sentimentos e as emoções.

A questão é que os artistas não tinham como estudar algo que os atingia como um vislumbre de intuição, nem os filósofos antigos poderiam “bater o martelo” sobre hipóteses imprecisas de investigação. No entanto, a arte sempre perfurou a realidade em busca de respostas.

Um outro lado

A ciência, por outro lado, comprovou que a contemplação de obras de arte, por si só, quando realizada de maneira verdadeiramente interessada, causa uma sensação positiva de novidade, de curiosidade, de descoberta, uma consequência do momento em que o apreciador se rende ao instante com o objetivo de refletir sobre o que vê.

Intervenções com o uso da arte apresentaram eficácia na construção e manutenção de laços sociais após
situações de luto, auxiliando os indivíduos a reencontrar um sentido para a vida, por exemplo, em estudo da Virginia Commonwealth University.

Na Lithuanian University of Health Sciences, foi constatado que o envolvimento com atividades artísticas ainda melhora o humor: 75% das pessoas relataram que as artes impactam positivamente as emoções, elevando o sentimento de felicidade e de empolgação.

A arte é tão atrativa porque é uma chance de nós nos admirarmos quanto à nossa própria natureza humana. Sem ela, seríamos indivíduos ausentes, sem a possibilidade de ver-nos de um outro ponto de vista e de criar associações produtivas para o nosso próprio desenvolvimento.

A arte, como indutora de emoções, é uma espécie de caixa de ressonância: quanto mais semelhante a nós, mais causa admiração.

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Gostamos de personagens que se pareçam conosco, de músicas que falem sobre nossas mazelas, porque é dessa forma que encontramos estímulos prazerosos, e, quanto mais estímulos prazerosos, mais nos sentimos bem em nossa experiência de existir.

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