Seu filho não larga o tablet? Médicos dizem que telas deixam crianças viciadas

Tecnologia em excesso age como drogas no cérebro.

Eu nasci em uma época em que as crianças podiam brincar livremente na rua.

Tenho lembranças incríveis de subir em árvores, esconde-esconde, carrinho de rolimã (sim, fui uma menina moleque) com um bando de amigos da mesma idade.

Com o passar do tempo, os índices de violência foram aumentando e, consequentemente, as crianças trocaram a rua por seus quintais ou garagens, até que ficassem confinadas às áreas de lazer de condomínios.

No entanto, outro fenômeno acabou entrando em cena: o avanço da tecnologia.

Smartphones e tablets se tornaram – literalmente – a bola da vez e, hoje, vejo na minha realidade com meus filhos, como as telas invadiram nossas vidas e como elas desempenham o papel de verdadeiras drogas digitais, causando sintomas de dependência e abstinência.

É assustador!

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O impacto das telinhas na vida das crianças é tão intenso que virou tema do livro “Glow Kids: How Screen Addiction is Hijacking Our Kids – and How to Break the Trance” (Crianças Brilhantes: Como o Vício à Tela está Sequestrando Nossos Filhos – e Como Quebrar o Encanto – em tradução livre), escrito pelo Dr. Nicholas Kardaras, diretor executivo de uma das principais clínicas de reabilitação dos Estados Unidos.

Dr. Nicholas expõe seus argumentos com uma história bastante interessante que vou compartilhar com vocês.

Susan* e John*, seu filho de 6 anos

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* Os nomes foram alterados para manter a identidade das pessoas envolvidas.

Susan comprou um iPad ao seu filho John de 6 anos. “Pensei ‘Por que não deixa-lo na onda do momento?’”, ela confidenciou ao médico em uma de suas sessões de terapia.

A escola de John começou a usar esses equipamentos com crianças cada vez menores – e o professor de tecnologia de John argumentou sobre os benefícios educacionais – então, foi normal que Susan quisesse dar essa “vantagem” ao filho, que adora ler e jogar beisebol.

A moça começou a deixar o filho a brincar com jogos educacional em seu iPad. Com o tempo, ele descobriu Minecraft, jogo que o professor garantiu que era algo como “um Lego eletrônico”.

E, lembrando como ela mesma adorava brincar com as pecinhas, deixou o filho passar horas e horas jogando Minecraft.

Até aí, tudo bem

Susan estava bem satisfeita de ver seu filho jogando algo criativo, conforme explorava o mundo digital feito de cubos.

Obviamente ela reparou que o jogo não era bem um Lego – afinal de contas, ela não tinha que matar animais ou encontrar minerais raros para sobreviver, mas John gostava bastante do jogo.

A própria escola tinha um Clube do Minecraft, portanto, pensou Susan, não deve ser ruim, certo?

Pequenas mudanças de comportamento começaram a aparecer

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Susan começou a perceber pequenas mudanças no comportamento de John. Ele ficava cada vez mais focado no jogo, visivelmente perdendo o interesse no beisebol e na leitura.

O menino começou a se negar a fazer suas obrigações em casa. Muitas vezes, ele acordava pela manhã e contava à mãe que via os cubos em seus sonhos, o que a preocupava.

Conforme o comportamento do filho continuou a se deteriorar, ela tentou tirar o jogo, mas, além de não ter sucesso, ainda tinha que aguentar os ataques de birra de John.

Estes eram tão intensos que ela cedia, tentando se convencer que o jogo era educativo.

Porém, uma noite, ela percebeu que estava totalmente enganada

“Eu entrei no quarto dele para ver se estava tudo bem. Era para ele estar dormindo – e eu tive muito medo…”, conta Susan.

Ela encontrou o filho sentado em sua cama, com os olhos arregalados, olhando para o nada, enquanto a tela brilhante de seu iPad repousava ao lado dele.

Ele parecia estar em transe.

Apesar do pânico que sentiu na hora, Susan teve que chacoalhar o filho repetidamente para trazê-lo de volta.

Abalada, ela não conseguia entender como seu filho alegre e saudável havia se tornado tão viciado ao jogo, a ponto de deixa-lo em um estado de torpor catatônico.

Os pais que mais entendem de tecnologia são, também, os mais cautelosos

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Há um motivo pelo qual os pais que sabem um pouco mais de tecnologia que a média são, também, os mais cautelosos.

Os executivos e engenheiros de TI do Vale do Silício matriculam seus filhos em escolas que não utilizam tecnologia e que usam a metodologia Waldorf.

Sergey Brin e Larry Page, os fundadores do Google, o criador da Amazon, Jeff Bezos e o fundador do Wikipedia, Jimmy Wales, frequentaram escolas Montessorianas.

Muitos pais compreendem, intuitivamente, que as telas brilhantes estão exercendo um efeito negativo em seus filhos.

Presenciam ataques de birra agressivos quando os equipamentos são tirados e a falta de concentração quando as crianças não estão sendo perpetuamente hiperestimuladas.

Pior ainda, quando testemunham uma criança feliz e saudável se tornar apática, entediada, desinteressada e “desplugada” da vida.

É bem pior do que se pensa

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Hoje já se sabe que iPads, smartphones e Xboxes são consideradas drogas digitais.

Uma pesquisa recente de imagens do cérebro apontou que eles afetam o córtex cerebral frontal – que controla as funções executivas, incluindo o controle dos impulsos –, do mesmo modo que a cocaína age.

A tecnologia é tão hiperestimulante que é capaz de aumentar os níveis de dopamina – o neurotransmissor do bem-estar mais envolvido na dinâmica do vício – tanto quanto o sexo.

Esse efeito viciante é o motivo pelo qual o Dr. Peter Whybrow, diretor de neurociência da UCLA, se refere às telas como “cocaína eletrônica”, e os pesquisadores chineses as chamam de “heroína digital”.

Na verdade, o Dr. Andrew Doan, chefe do departamento de pesquisa do vício do Pentágono e da marinha americana – que vem desenvolvendo uma pesquisa sobre o vício em jogos -, chama o vídeo game e as tecnologias de tela de “Pharmakeia* Digital” (*palavra grega que significa droga).

Cérebros de viciados em drogas

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É isso mesmo! O cérebro do seu filho viciado em Minecraft é igual ao cérebro de um viciado em drogas.

Não é de se espantar que seja tão difícil de tirar a tela da vida de seus filhos e ver nossos pequenos agitados quando seu tempo online é interrompido.

Centenas de estudos na área mostram que as telas contribuem para o aumento da depressão, ansiedade e agressão. Elas podem até levar a características psicóticas, como a perda da realidade.

O Dr. Nicholas Kardaras conta que em seu estudo com mais de mil adolescentes nos últimos 15 anos, percebeu que a velha máxima “prevenção é a melhor cura” é verdadeira quando se trata do vício em tecnologia.

Uma vez que uma criança entra em um estado profundo de dependência, o tratamento pode ser bastante difícil.

As estatísticas do problema

De acordo com a Declaração de Política da Academia Americana de Pediatria, os números são impressionantes:

  • Crianças de 8 a 10 anos ficam 8 horas por dia em um meio digital, enquanto que adolescentes ficam 11 horas em frente a uma tela.
  • Uma a cada três crianças usam tablets ou smartphones antes mesmo de começarem a falar.
  • 18% dos usuários de internet em idade universitária nos Estados Unidos são viciados em tecnologia.

Como manter as crianças longe do vício?

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Não é uma tarefa fácil. Mas, de acordo com o Dr. Nicholas, não é impossível.

Em primeiro lugar, o segredo é prevenir que seu filho de 4, 5 ou 8 anos fique viciado nas telas.

Isso significa Lego em vez de Minecraft. Livros em vez de iPads. Natureza e esportes em vez de TV.

Se for necessário, exija que a escola não dê um tablet ao seu filho até que eles tenham, pelo menos, 10 anos de idade.

Fale honestamente com seu filho sobre o motivo de você limitar o acesso dele à tela. Faça refeições com seus filhos sem que haja quaisquer dispositivos eletrônicos à mesa.

E dê o exemplo: nada de ficar grudado na tela do seu iPad!

Os psicólogos de desenvolvimento entendem que o desenvolvimento saudável das crianças envolve interação social, imaginação criativa estimuladas por brincadeiras, e o engajamento com o mundo real.

O final de história de Susan e John

Dr. Nicholas conta que, no final, Susan tirou o tablet de John, mas a recuperação tem sido uma batalha com muitos obstáculos no caminho.

Quatro anos depois, após muito apoio e encorajamento, John está muito melhor. Ele aprendeu a usar um computador de mesa de uma maneira muito mais saudável e conseguiu desenvolver um senso de equilíbrio em sua vida.

Ele faz parte de um time de beisebol e tem muitos amigos na escola. Embora continue vigiando, sua mãe adotou uma atitude positiva e proativa com o uso que o filho faz da tecnologia.

Afinal de contas, como acontece com qualquer vício, as recaídas podem acontecer nos momentos de fraqueza.

Susan se certifica que ele tenha outras atividades, além de ter tirado o computador do quarto do filho e de fazerem as refeições sem quaisquer dispositivos eletrônicos por perto.

Fonte: nypost.com

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