Startup transforma garrafas PET encontradas no mar em roupas

A revolução está começando.

A startup Bionic Yarn sediada em Nova York e que tem o cantor Pharell Williams como diretor criativo, é mais um exemplo de que o plástico é um material versátil.

O plástico pode ser incorporado no mundo da moda: tecidos e fios para roupas feitos de garrafas e outros objetos plásticos recuperados em sua maioria dos oceanos.

Iniciativas que transformam o plástico descartado em potencial material para novos produtos são uma mostra de que é possível criar saídas criativas e consistentes para o lixo que nem sempre ganha uma nova vida útil.

A parceria com várias marcas de roupas, como G-Star e O’Neill, permite à Bionic Yarn incorporar seus fios em uma variedade de produtos, desde o jeans aos casacos muito usados em esportes radicais, como o snowboard.

Porém, uma vez que o plástico pode ser transformado em fios e tecidos, as parcerias da Bionic Yarn vão além da moda, produzindo também capas de barcos, móveis e muito mais.

O cofundador da startup, Tim Coombs disse ao The Huffington Post que nos últimos três anos, a Bionic Yarn tem transformado cerca de 7 milhões de garrafas plásticas.

A própria empresa explica em seu site oficial que o seu trabalho consiste em transformar fibras feitas de plástico reciclado em têxteis duráveis.

“Nós acreditamos que todos os recursos que nós consumimos da Terra devem ter um impacto positivo na sociedade e em nosso ambiente natural. Usar tecnologias inovadoras para tornar produtos que descartamos em materiais brutos inovadores que nós podemos ter orgulho de usar em nossa vida cotidiana.”

Garrafas de plástico moídas.

Antes de as garrafas de plásticos chegarem ao tecido final, alguns passos são necessários: primeiro, a coleta das garrafas, que depois são moídas e derretidas.

Depois, o plástico derretido é desmembrado em fibras e fiado em fios.

Fiação de fibras de plástico.

Tim Coombs explicou ao jornal que se a empresa estiver fazendo denim, por exemplo, as fibras de plástico são combinadas com algodão. Já se for para fazer ternos, as fibras são unidas com lã e cashmere.

Os fios antes de se tornarem tecido.

E quando o produto produzido tiver destino industrial, como capas de janela, a Bionic Yarn usa apenas o poliéster reciclado.

Dificuldades ambientais

Mas existem dificuldades ambientais constantemente levantadas sobre a produção de roupas com fibras de plástico, não apenas por ativistas, mas pelos próprios cientistas, professores de universidades, empresas, organizações e confecções de moda.

Quando Pharell Williams anunciou em 2014 a parceria com a marca G-Star e a startup Bionic Yarn para a criação da linha de roupas “Raw for the Oceans” feitas com plástico retirado do mar, entrou em evidência esse debate:

“Mas os resíduos plásticos, as fibras minúsculas que saem das roupas não são poluentes e muito mais difíceis de retirar dos oceanos do que uma garrafa PET inteira?”

Timo Rissanen, professor assistente de design de moda e sustentabilidade na Parsons School of Design em Nova York, disse ao jornal que há aspectos positivos concretos para o trabalho da Bionic Yarn, já que o uso de poliéster reciclado em comparação com o poliéster virgem faz considerável economia de energia na fabricação.

E reconhece o problema das fibras:

“Quando lavamos roupas sintéticas, em especial roupas de poliéster, um monte de microfibras – fibras de poliéster realmente microscópicas – são liberadas da roupa durante o ciclo de lavagem e algumas delas acabam em nossas vias navegáveis e, eventualmente, em nossos oceanos.”

Rissanen observa que o problema não é exclusivo da Bionic Yarn e sim de toda uma indústria que precisa trabalhar alternativas para combater também esse tipo de poluição.

No entanto, ele vê a ação da empresa como algo positivo, já que chama a atenção para a questão do plástico nos oceanos:

“Eu ainda acho que os pontos positivos com Bionic Yarn superam em muito o problema com lavanderia.”

Um desses pontos positivos, explica o professor, é que as fibras plásticas podem ser recicladas por mais tempo do que as fibras naturais, já que as naturais tendem a encolher cada vez mais depois que foram recicladas, enquanto que as fibras plásticas podem ser transformadas em novas fibras.

Enquanto dar uma vida útil ao plástico é uma forma de impedir que grande concentração de lixo polua os oceanos, é também uma necessidade que a forma de produzir roupas seja aperfeiçoada para que a contaminação de resíduos microscópicos deixe de ser um problema.

Mas sem dúvida, esse desafio que a indústria têxtil enfrenta não desencoraja a produção de roupas, mas torna o processo mais consciente para que seja de fato sustentável, em todas as suas etapas até chegar no consumidor final e daí de volta para a reciclagem.

Fontes: huffingtonpost.com, bionic.is.

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