Milton Steinman, o médico brasileiro que ajudou a salvar vidas na guerra da Ucrânia

“Me sinto útil porque consigo ajudar quem não tem nada. Parece que a vida tem mais sentido”

Imagem: arquivo pessoal

Quando a história da guerra da Ucrânia for contada às próximas gerações, uma coisa que não pode ser esquecida é o ato de coragem de inúmeras pessoas que foram para lá salvar vidas. Entre elas, está o médico brasileiro Milton Steinman.

Cirurgião-geral do Hospital Albert Einstein e professor da faculdade mantida pela mesma instituição, Milton já tinha experiência prévia em situações de desastres. Em 2010,foi para o Haiti, logo após o terremoto que devastou o país. Mas o que será que motiva alguém a arriscar sua própria vida por pessoas que ele nem conhece?

Milton Steiman é médico do Hospital Albert Einstein e esteve no Haiti logo após o terremoto de 2010 (imagem: divulgação/Valor Econômico)

“Nessas situações, a diferença que você faz como profissional é pequena, mas para a pessoa que está sendo ajudada é gigante. Isso me faz bem e me sinto motivado. Ser médico de desastres é um chamado.

Te interessa?

Atender no consultório é bacana. Porém, em circunstâncias difíceis, me sinto útil porque consigo ajudar quem não tem nada. Parece que a vida tem mais sentido”, explicou, em entrevista para a Veja.

Com esse pensamento na cabeça, Milton arrumou suas malas e partiu por conta própria para a Ucrânia, mesmo sabendo que poderia não voltar de lá. Antes de ir, foi avisado que, além da guerra, havia um surto de dengue e de Covid-19.

A invasão russa à Ucrânia fez com que mais de 14 milhões de ucranianos se tornassem refugiados, além de incontáveis mortes (imagem: Fabrizio Bensch/Reuters)

Sensação de perigo constante

O médico conseguiu uma passagem para a Polônia, país vizinho da Ucrânia que está recebendo muitos refugiados e prestando assistência às autoridades ucranianas. No caminho, encontrou estradas lotadas com pessoas fugindo do país e só ele fazendo o caminho inverso. Também passou por tanques e caminhões com armas.

Milton ficou em uma cidadezinha onde foi instalado um hospital de campanha.Havia 80 médicos. Recebíamos nossas tarefas às seis da manhã. Passei quinze dias e fiquei mais com o treinamento de outros médicos porque o sistema de saúde lá já era precário antes mesmo de colapsar com a guerra.

Foram cerca de 6 mil atendimentos e mais de 600 profissionais treinados. E várias vezes ao dia descíamos aos bunkers por causa dos riscos. Era sempre uma sensação de perigo.”

Ao treinar os profissionais, Milton contribuiu para que vidas fossem salvas. Afinal, em um cenário de guerra, as pessoas chegam em todos os estados possíveis: baleadas, queimadas, mutiladas, com infecções, com traumatismos e ter um médico preparado para atendê-las pode significar a diferença entre a vida e a morte.

A experiência na Ucrânia o fez lembrar da missão de cada um na Terra. “Para mim, estamos [aqui] para ajudar um ao outro. Se não é por isso, é pelo o quê? Sabe aquela sensação de se sentir útil? Ela me deixa mais próximo da alma.”

Infelizmente, o conflito parece estar longe do fim e, por isso, toda ajuda é importante para ajudar os refugiados a sobreviverem. Se você quer saber como apoiar essa causa, clique aqui.

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Fonte: Veja

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