Médico sírio escapa da guerra e dá lição de humanidade atendendo refugiados de graça no Brasil

O médico esteve, recentemente, em Boa Vista (RR), atendendo mulheres venezuelanas

Imagem: ACNUR/Vitória Moura Carramilo

O Mohamad Al-Ianhham é uma das milhões de pessoas que tiveram de deixar o seu país à força. Por conta da guerra civil na Síria, ele precisou fugir e veio ao Brasil. Aqui, passou a usar sua profissão para ajudar outras pessoas em condições semelhantes: médico otorrinolaringologista, Mohamad atende refugiados de graça.

Quando chegou ao Brasil, o sírio começou a dar aulas de árabe, inglês e francês para conseguir dinheiro. Isso porque a revalidação do seu diploma levou três longos anos para ser feita – e, sem o diploma revalidado por aqui, um médico estrangeiro não pode atender pacientes, emitir receitas, fazer cirurgias, etc.

Mohamad chegou ao Brasil sem falar português e demorou três anos para conseguir revalidar seu diploma de médico (imagem: Guilherme Santos/Sul21)

Mohamad conseguiu também a cidadania brasileira e abriu uma clínica com o irmão (que trabalha como dentista) em Curitiba (PR). Adivinha o nome? Clínica Síria, em homenagem à sua pátria.

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“Ao ter que sair da Síria e vir para o Brasil, senti o que é comum a muitas pessoas refugiadas, vendo minha história na história de cada uma delas e isso possibilita exercer minha profissão de forma ainda mais empática. No atendimento que realizamos, buscamos compartilhar um pouco da nossa história com os pacientes, assim como tentamos orientar as pessoas refugiadas que chegam a Curitiba. Muita gente nos ajudou ao longo destes quase 10 anos no Brasil, desde os professores de português que nos ensinaram o idioma de forma voluntária até as pessoas que me ajudaram para que eu conseguisse chegar onde estou”, disse Mohamad ao site da ACNUR.

Com 40 anos de idade, o médico dedica parte do seu tempo a atender pessoas refugiadas. Além dos atendimentos presenciais, Mohamad atende por telemedicina, o que permite que seu trabalho chegue a refugiados do mundo todo.

Mohamad conseguiu também a cidadania brasileira e abriu uma clínica com o irmão (imagem: reprodução/Revista Piauí)

“I Hear You”

Os atendimentos a distância do Mohamad foram crescendo e tornaram-se um projeto chamado “I Hear You” (“Eu Ouço Você”, em inglês). Tudo começou quando chegou ao médico o caso de uma criança síria com infecção respiratória que tinha recebido um tratamento incompleto no hospital em que passou. A partir do momento em que se tornou sua paciente, a menina recebeu um atendimento mais adequado e melhorou em pouco tempo.

“Com a telemedicina, passei a atender a população refugiada, principalmente venezuelanos, a distância. Consegui diagnosticar e prover atendimento médico de forma a facilitar e promover bem-estar à vida dessas pessoas”, diz o sírio.

Em novembro, Mohamad foi a Boa Vista (RR) atender presencialmente mulheres refugiadas da Venezuela em parceria com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). Em cinco dias de atendimento, 140 pessoas passaram por consulta, 34 pacientes fizeram exames de audiometria (que avalia a saúde auditiva) e 50 kg de medicamentos foram doados.

Incrível o trabalho do Mohamad, não é mesmo? Um médico que entende completamente a triste realidade dessas pessoas e se dispõe a trabalhar sem cobrar nada em troca. Não é exagero dizer que ele é um verdadeiro anjo na vida de quem tanto precisa!

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Fonte: ACNUR

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